A hipertensão arterial é principal fator de risco cardiovasculares em todo o mundo e a redução da Pressão Arterial (PA) consequentemente, reduz este risco.
A medida adequada da PA é fundamental para a classificação deste paciente como sendo hipertenso ou não, mas também essencial o tratamento. Por muitas décadas, guidelines e diretrizes especificaram e detalharam os passos para aferição da PA. Apesar desses esforços, essa padronização, não é implementada, não tornou-se uma rotina na prática clínica. A falta de uma padronização adequada na medida da pressão arterial constitui um problema frequente na prática clínica e impacta à segurança e saúde do paciente assim como todo sistema de saúde. Uma revisão sistemática com 328 artigos, encontrou 29 componentes de medidas de PA que podem afetar tanto a PA sistólica quanto a PA diastólica. Assim, erros de medidas resultam em excesso ou falta de tratamento
Recentemente foi publicado o Consenso Internacional para padronização das medidas da Pressão Arterial. Realizado por 13 organizações científicas mundiais, essa diretriz tem o objetivo de enfatizar a importância das medidas adequadas da PA, assim como, torná-la mais fácil, prática e padroniza-las para serem implementadas na prática clínica. Um procedimento padronizado deve ser pragmático e eficiente em termos de tempo, facilmente compreendido pelo paciente e pela equipe e focado em aspectos essenciais do processo de medição.
Neste documento, está delineado um protocolo que inclui etapas recomendadas pela maioria das diretrizes. Muitas diretrizes orientam medidas fora do consultório, utilizando a MAPA ou MRPA. Esses dispositivos também o ajudam para detectar a hipertensão mascarada e a hipertensão do jaleco branco, entretanto, segundo este consenso, nenhum grande estudo randomizado controlado utilizou dessas estratégias para orientar o tratamento anti-hipertensivo. A medida de PA do consultório é o procedimento mais comum na prática médica e essa foi a medida adotada por esse Consenso para guiar a padronização. O aparelho de braço, automático, validado, é fortemente recomendado pelo Consenso, porque requer menos treinamento e elimina o erro humano, se comparado com os aparelhos manuais. Além disso, os aparelhos automáticos de braço, têm sido utilizados em diversos estudos randomizados controlados em hipertensos. Aparelhos para crianças grávidas e indivíduos com a circunferência do braço maior 42 cm devem ser validados de acordo com estudos clínicos e as populações específicas.
4 passos para a medida da pressão arterial:
Medir em ambiente calmo e com temperatura confortável. O aparelho deve ser validado. Recomendado o uso de aparelhos automáticos, em braço, com circunferência adequada.
A medida deve ser realizada por um profissional de saúde devidamente treinado.
O paciente deve ser orientado a não tomar café, álcool, fumar ou realizar exercício 30 minutos antes das medidas. Deve evitar também estar com bexiga cheia. O paciente deve estar sentado com as costas e os pés devidamente apoiadas. O braço deve estar apoiado sobre uma superfície, preferencialmente, sem roupas (embora alguns autores defendam que as medidas sob roupas possam ser aceitáveis, não é o ideal, e não é recomendada por esse Consenso), e na altura do coração. Antes da medida, deve estar em repouso por 3 a 5 minutos e isso inclui não conversar ou falar ao celular, por exemplo.
O profissional de saúde deve explicar o procedimento, incluindo o número de medidas a ser obtida. Usar o braço com a maior medida da PA sistólica durante a visita inicial, preferencialmente. Mais de 2 medidas devem ser obtidas com 30 segundos e diferença entre elas. O valor anotado deve ser uma média dessas duas.
Os autores do consenso finalizam suas orientações chamando atenção que todos os profissionais envolvidos no tratamento da hipertensão como médicos, enfermeiros, governos, empresas responsáveis por medidores de PA e o paciente, devem colaborar ativamente para tornar as medidas da PA padronizadas, um procedimento de rotina e assim, melhorar efetivamente o controle da hipertensão arterial na saúde pública.
Referência:
International Consensus on Standardized Clinic Blood Pressure Measurement − A Call to Action. The American Journal of Medicine, Vol 136, No 5, May 2023
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